Outras dez pessoas também foram
denunciadas. Marcelo Álvaro Antônio era presidente estadual da legenda em 2018
e foi indiciado pela PF nesta quinta-feira; ele diz que é inocente.
Por Flávia Lages e Cintia Paes, TV Globo e G1 Minas —
Belo Horizonte

Ministro Marcelo Álvaro Antônio é denunciado pelo MP por
candidatura-laranja — Foto: André Santos/Prefeitura de Uberaba
O Ministério
Público Eleitoral de Minas Gerais denunciou, na tarde desta sexta-feira (4),
o ministro do Turismo, Marcelo
Álvaro Antônio (PSL), por três crimes envolvendo candidaturas-laranja do
partido em 2018. Outra dez pessoas também foram denunciadas. Os crimes são de
falsidade ideológica, apropriação indébita eleitoral, que é quando o candidato
se apropria com os recursos destinados ao financiamento eleitoral para proveito
próprio, e associação criminosa.
O indiciamento do
ministro pela Polícia Federal foi nesta quinta-feira (3), pelo crime eleitoral
de omissão na prestação de contas e também pelo crime de associação criminosa.
As investigações foram feitas de forma conjunta entre PF e Ministério Público.
Pela investigação,
o partido inscreveu candidatas sem a intenção de que elas fossem, de fato,
eleitas. Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que pelo menos 30%
dos recursos do fundo eleitoral devem ser destinados a candidaturas femininas.
"O que se
percebeu no âmbito do Ministério Público, de acordo com a prova dos autos, a
formação de uma associação criminosa com o objetivo de direcionar recursos
recebidos pelas candidatas mulheres para outros candidatos homens no curso da
investigação. Diante desse contexto, pela prova produzida nos autos, chegou-se
a conclusão de que havia duas lideranças, na verdade um beneficiário direto, o
denunciado Irineu, e talvez a liderança direta dessa associação, o denunciado
Marcelo", disse o promotor de Justiça Eleitoral, Fernando Abreu.
Marcelo Álvaro
Antônio é citado em depoimentos na investigação sobre o uso de candidaturas de
mulheres na eleição de 2018 para desvio da verba eleitoral no estado.
Segundo inquérito
da PF, ele "era e ainda é o 'dono' do PSL mineiro". À época dos
crimes apontados, Marcelo era o presidente estadual do PSL, partido do
presidente da República, Jair Bolsonaro.
No indiciamento, a
PF afirma que o então presidente do PSL em Minas "possuía o total domínio
do fato, controle pleno da situação, com poder de decidir a continuidade ou
interrupção do repasse de recursos do fundo partidário".
Em nota, o ministro
do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, afirmou que ainda ainda não foi notificado
sobre o indiciamento, mas que confia na Justiça e que sua inocência será
comprovada. Ele nega ter cometido qualquer irregularidade na campanha eleitoral
de 2018.
Ao blog de Valdo
Cruz, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que o
presidente Jair Bolsonaro vai manter o
ministro no cargo. “O presidente da República aguardará o
desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo”, disse".
O PSL nacional
disse que não comentar o caso.
Veja a lista de denunciados:
·
Marcelo Álvaro Antônio - ministro do Turismo
·
Camila Fernandes - acusada de ser candidata-laranja
·
Debora Gomes - acusada de ser candidata-laranja
·
Haissander de Paula - ex-assessor do ministro quando ele era deputado federal, preso
em junho deste ano
·
Irineu Inacio da Silva - deputado estadual em Minas pelo PSL - conhecido como Professor
Irineu
·
Lilian Bernardino - suspeita de ser candidata-laranja
·
Marcelo Raid Soares - dono de duas empresas gráficas em Belo Horizonte
·
Mateus Von Rondon - assessor especial do ministro, preso em junho deste ano
·
Naftali Tamar - suspeita de ser candidata-laranja
·
Reginaldo Donizeti Soares - irmão de Roberto Silva Soares, sócio de duas empresas que
prestaram serviço eleitorais às candidatas investigadas
·
Roberto Silva Soares - Assessor do ministro e coordenador de campanha de Camila, Débora e
Naftali, preso em junho deste ano
O indiciamento das
10 pessoas, excluindo o ministro, já havia sido feito pela PF em junho deste
ano. O processo está em segredo de Justiça.
De acordo com o
Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), a advogada Fernanda Lage Martins da
Costa, que defende as quatro mulheres suspeitas, já entrou com um pedido de
habeas corpus no tribunal, que ainda não foi julgado. A advogada disse que não
teve acesso ao processo e só vai se pronunciar depois de tomar conhecimento dos
fatos.
Em nota o deputado
estadual Professor Irineu disse que "recebeu com surpresa a notícia do seu
indiciamento, hoje pela manhã, por parte da Polícia Federal. O deputado destaca
que sua prestação de contas de campanha foi aprovada pelo Tribunal Regional
Eleitoral (TRE-MG). Apesar da surpresa, o deputado estadual manifesta sua
confiança e respeito à Polícia Federal e ao Ministério Público, e se mantem
tranquilo com relação ao desdobramento das apurações. O deputado segue com a
serenidade da lisura de todos os seus atos".
O G1 tenta contato com
os demais denunciados.
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